1- A falta de informação sobre a doença: sem dúvida, esta é uma das principais razões que justificam o medo que as pessoas têm da D.A. Atualmente a internet é um importante aliado para familiares e cuidadores, pois esta ferramenta possibilita a difusão da informação em tempo real, no momento em que a pessoa tiver disponibilidade (visto que sabemos que muitas vezes o cuidador simplesmente não pode comparecer às reuniões da ABRAZ ou de outros grupos porque não tem outra pessoa que possa ficar em casa com o idoso naquele momento). Geralmente temos medo do que não conhecemos e, infelizmente, há casos em que a família recebe o diagnóstico, mas não encontra espaço para perguntar, esclarecer suas dúvidas, expor seus medos e inseguranças. Na dúvida é sempre importante perguntar e esclarecer possíveis dúvidas.
2- O fato de ainda existirem algumas incertezas sobre a doença: novas pesquisas parecem apontar resultados promissores, porém, é fato que ainda existe muita coisa a descobrir. A ciência também ainda não conhece muito sobre a doença, dados importantes como causas, cura, influência da hereditariedade, possíveis vacinas, tratamentos realmente eficazes para reverter os sintomas ainda são incógnitas para cientistas, profissionais da gerontologia e a população em geral.
3- O desespero: infelizmente, familiares e idosos mal informados podem cair na mão de pessoas ditas profissionais inescrupulosas que aproveitam do momento de fragilidade para venderem fórmulas ditas milagrosas a preços exorbitantes. Lembrem-se que infelizmente ainda não existe cura para a doença, portanto, não caiam na conversa destas pessoas, mesmo na ansiedade de curar quem vocês gostem. Lembrem-se que a atenção e o cuidado anda são os diferenciais nesta luta diária.
4- Se meus pais foram vítimas da D.A. eu também serei: por enquanto, não há nada que comprove isto. Espero que não, pois meu pai foi vítima da D.A. e não desejo isto para mim. A questão é não ficar se martirizando com esta possibilidade, pois assim corremos o risco de deixarmos de viver nossas vidas em função de especulações inconsistentes sobre o futuro. Não sabemos o que o futuro nos reserva, portanto, não vale a pena ficarmos nesta ansiedade por causa disto. Já ouvi pessoas cujos pais tiveram a D.A. relatarem não querer ter filhos com medo de que os mesmos também desenvolvam a doença quando estiverem idosos. Será que este medo é justificável?
5- D.A. é sinônimo de institucionalização: nem sempre. Têm famílias que optam por cuidar dos portadores em casa. É importante lembrarmos que nem sempre as ILPIs (instituições de longa permanência para idosos) são sinônimo de abandono e maus-tratos. Pelo contrário. Muitas destas instituições dispõem de excelentes recursos humanos e materiais para o cuidado gerontológico, e podem acontecer situações em que a família simplesmente não dispõe de condições de cuidar de um idoso em casa, por isto optam pela institucionalização.
6- A D.A. não é uma doença infecto-contagiosa, não causa dor física: porém, mesmo assim, muitas pessoas parecem ainda ter medo de lidar de perto com os portadores. O portador da D.A., como todos nós, quer carinho, quer atenção e, principalmente, precisa de respeito. Por que priva-lo do contato com a família? Não existem motivos lógicos que expliquem o por que de muitas famílias isolarem-nos do convívio social. (A doença já os priva da sua própria história de vida, não temos o direito de retirar mais coisas deles).
Enfim, ainda existem muitas razões para temermos esta doença, não discordo, acredito que, se pararmos para pensar, todos nós ficamos com uma pontinha de medo, especialmente quando notamos que estamos esquecendo das coisas com freqüência, porém, não podemos deixar que esta insegurança impeça-nos de viver cada etapa de nossas vidas. Acredito que se superarmos a falta de informação e o preconceito grandes empecilhos em nossas vidas poderemos proporcionar uma melhor qualidade de vida para os portadores da D.A. E tenhamos esperança, pois parece que a ciência aponta resultados promissores nesta área!
Luciene C. Miranda