Com o
envelhecimento da população brasileira e o consequente aumento de doenças
crônicas, cuidadores de idosos serão profissionais cada vez mais requisitados.
O estudo Sabe
(Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento), realizado pela USP em 2006, mostra que
existem aproximadamente 180 mil idosos no Estado de São Paulo que necessitam de
auxílio para realizar suas atividades diárias. Este número corresponde a 23% do
total de pessoas acima de 60 anos.
O cuidador é a
pessoa que acompanha de perto a vida de um idoso que possui algum grau
de dependência para suas atividades cotidianas, como alimentação,
deslocamentos, medicações de rotina e cuidados com a higiene. Ele não precisa
ser um profissional da área da saúde e, nesse caso, não deve realizar
atividades como troca de curativos ou aplicação de medicamentos intravenosos.
Ele explica que, como a situação de Frasão é mais grave e exige a realização de
hemodiálises três vezes por semana, a formação em enfermagem foi importante em
seu no cuidado com o idoso.
O técnico de
enfermagem Cristiano de Oliveira, 25, cuida do ex-auditor fiscal José Frasão,
89, há pouco mais de uma ano, desde quando este sofreu um AVC (acidente vascular
cerebral).
O cuidador diz que
o trabalho com o idoso em casa é mais gratificante do que a atuação em
hospitais: “quando estamos no hospital, só vemos a evolução do paciente até ele
ter alta”.
Com Frasão foi
diferente. Quando ele sofreu o acidente tinha de ser acompanhado por quatro
enfermeiros que se revezavam, entre eles Cristiano, que acabou continuando a
trabalhar na casa. Ele não conseguia falar nem andar e o lado direito de seu
corpo estava totalmente paralisado. “Quando ele deu seu primeiro passo e voltou
a falar foi uma conquista enorme. Era como uma criança que está aprendendo pela
primeira vez.”
Segundo o
presidente da Associação de Cuidadores de Minas Gerais, Jorge Roberto de Souza
Silva, muitos dos procedimentos realizados pelo cuidador podem ser executados
por um familiar. Porém lembra que nem sempre existe a figura do cuidador familiar,
pois as famílias estão ficando menores e as mulheres, que acumulavam essa
função, estão no mercado de trabalho.
Silva começou a
cuidar de idosos por acaso. “Quando tinha 18 anos, era carregador de mudança.
Minha namorada me indicou para trabalhar com uma família que precisava de ajuda
para levar uma idosa do sofá para a cama todas as noites.”
No dia em que a
enfermeira faltou, ele assumiu o cuidado total da senhora de 81 anos. Morou
três meses na casa da família. “Eu e ela ficamos um pouco assustados. A maior
dificuldade foi o banho. Era uma idosa muito católica, cheia de valores.” Mesmo
assim, ele diz que desenvolveram uma ligação muito forte, e ele era capaz de
compreender o que a mulher dizia melhor do que os próprios familiares.
Referência da classe
no Brasil, a associação mineira tem 4.200 membros. Oferece cursos para
cuidadores e familiares de idosos e auxilia o processo de contratação de
profissionais. Em São Paulo, o Olhe (Observatório da Longevidade Humana e do
Envelhecimento) deu início a uma campanha para criar uma associação no Estado
aos moldes da de Minas Gerais.
PROFISSIONALIZAÇÃO
A regulamentação da
profissão é um dos objetivos da categoria. A profissão de cuidador é definida
na CBO (classificação brasileira de ocupações) como trabalhador doméstico.
Porém ainda não existe uma padronização sobre quais os direitos e deveres dos
profissionais, nem sobre os pré-requisitos para exercer a função.
Atualmente tramitam
na Câmara e no Senado dois projetos de lei que pretendem solucionar essa
questão. Mas eles divergem quanto ao piso salarial da profissão, a formação
mínima do cuidador e a necessidade da orientação de um profissional da medicina
para que um cuidador que não tem um curso de enfermagem possa atuar.
A professora da USP
Yeda Duarte, que dá aulas para cuidadores na Escola de Enfermagem desde a
década de 1990, diz acreditar que a falta de uma formação adequada do
profissional pode gerar muito estresse, tanto para o idoso como para seu
cuidador. “Ele pode enfrentar situações críticas, como uma piora da saúde da
pessoa que recebe cuidados, ou se machucar ao tentar ajudar o idoso de forma
errada.”
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/treinamento/mais50/ult10384u1017427.shtml
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